Você tampa a panela,
dobra o avental,
deixa a lágrima secar no arame do varal.
Fecha a agenda,
adia o problema,
atrasa a encomenda,
guarda insucessos no fundo da gaveta.
A idéia é tirar a tarja preta
e pôr o dedo onde se tem medo.
Você vai perceber
que a gente é que faz o monstro crescer.
Em seguida superar o obstáculo,
pois pode-se estar perdendo
um espetáculo acontecendo do outro lado.
Atravessar o escuro
até conseguir tatear o muro,
que é o limite da claridade.
Se tiver capacidade para conquistá-la,
tente retê-la o mais que puder.
Há que ter habilidade, sem esquecer
que a luz é mulher.
Do inferno assim desmascarado,
é hora de voltar.
Não importa se é caminho complicado,
se a curva é reta,
ou se a reta entorta.
Você buscou seu brilho, voltou completa;
jogou a tranca fora, abriu a porta.
Flora Figueiredo
Amor a céu aberto, Editora Nova Fronteira, 1992 - Rio de Janeiro, Brasil
Imagem 1: http://s3.images.com/huge.2.14217.JPG
Imagem 2: Costão do Santinho, Florianópolis SC
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2 comentários:
Olá amiga vim lhe visitar e lhe deixar estas palavras:
Do mesmo modo que no início da primavera todas as folhas têm a mesma cor e quase a mesma forma, nós também, na nossa tenra infância, somos todos semelhantes e, portanto, perfeitamente harmonizados.
Abraços forte
Sonia
"A luz é mulher...."
e quanto brilha, muitas vezes escondida na sua timidez, acreditando quando lhe dizem que +e o sol que a ilumina...
Um beijinho grande
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