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Sou o pó
E vou no vento
Através de rios
E montes
Vou no vento
E talvez eu pouse
Talvez encontre
O mel as areias
Do teu corpo
Trazidas pelo vento
Antonio Ramos Rosa
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Talvez o vento saiba dos meus passos,
das sendas que os meus pés já não abordam,
das ondas cujas cristas não transbordam
senão o sal que escorre dos meus braços.
As sereias que ouvi não mais acordam
à cálida pressão dos meus abraços,
e o que a infância teceu entre sargaços
as agulhas do tempo já não bordam.
Só vejo sobre a areia vagos traços
de tudo o que meus olhos mal recordam
e os dentes, por inúteis, não concordam
sequer em mastigar como bagaços.
Talvez se lembre o vento desses laços
que a dura mão de Deus fez em pedaços.
Ivan Junqueira
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Eu caminhava entre árvores
E espremia nos dedos
O mudo cipreste, roçando
um acridoce olfato
Ao silêncio de meu nariz.
Ali entre cúmplices imagens,
Onde o vento me sabe
E o sem- fundo do lago me diz,
No frescor do mais contido sumo,
Cheirei a poesia, assim do nada,
E caminhei sobre as águas,
O naufrágio por um triz.
Fernando Campanella
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8 comentários:
Sônia obrigada, por passar no meu cantinho!
Deixar seu comentário!
O mais importante! foi você sua presença!
Fiquei muito feliz!
Aqui, a natureza se faz poesias!
Que encanta aos olhos, e relaxa a mente!
Um abraço, obrigada beijos
Marina Nunes
O poema de Ivan Junqueira é uma pérola musical das mais bonitas que já li.
Obrigado por me dar a oportunidade de relembrar estas maravilhas.
Mais me custa aceitar:
... os laços do vento que a dura mão se Deus fez em pedaços....
A melhor imagem:
...as agulhas do tempo já não bordam...
Belíssimo poema, como sempre uma óptima escolha. Sónia, aproveito para convidá-la a conhecer o meu novo blogue: bipolaridades. Um grande beijinho.
Sônia,que bem ficou este post!Intercalando as palavras com as belíssimas fotos.
Gostei.
Beijo.
isa.
Amiga Sônia.
Chama-se a isso três rajadas de ventos poéticos. Depois com fotos destas, quem resiste. Até sinto o cheiro do mar dessa tua ilha maravilhosa.
Beijos minha boa amiga.
Victor Gil
Sou o pó
E vou no vento
Através de rios
E montes
Vou no vento
E talvez eu pouse
Talvez encontre
O mel as areias
Do teu corpo
Trazidas pelo vento
Esse poema de António Ramos Rosa é uma pérola, como sempre é um prazer ler o que postas, assim como as tuas palavras no lado do teu blog, esta tua ilha encanta-me cada vez mais. beijos desde o outro lado do oceano.
Acho que se eu morasse num lugar como esse eu não faria mais nada na minha vida. :)
a ilha bela* me desse ter uma ilha assim*
com uma paisagem exuberante assim
com um ceú azul assim
com um vento poético assim
ah! eu cantava* eu assobiava* eu viajar nos meus pensamentos* eu simplesmente amava
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