Uma
noite de lua pálida e gerânios
ele viria com boca e mãos incríveis
tocar flauta no jardim
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobro
o que não for natural como sangue e veias
descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entristecidos,
a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier, porque é certo que vem,
de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos
— só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela, se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?
Adélia Prado
Um comentário:
seu blog é o litoral dentro do meu pc. amoo!
bjos...
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