Ainda jovem eu pulava
as pedras do rio, sentia
sua dureza em meus pés,
as nuvens corriam junto
comigo, céu e terra
me esmagavam em seu abraço
e meu corpo latejava
com os dias que ainda existiriam.
Aquelas pedras se inscreveram
profundamente em minha pele,
são as minhas consoantes em dias de espera.
Mergulhava as mãos na água fria
e minhas linhas da mão se desfaziam,
corriam junto com o rio,
quando ainda era jovem.
Hoje meus pés gostam de caminhar
sobre a névoa, a fina película
de irrealidade que cobre a vida,
e minhas mãos tentam apreender
o voo das borboletas.
Roseana Murray.
3 comentários:
Ouvi o vento e a música
Procurando um porto na madrugada
Ouvi a chegada de um navio
Julguei sentir uma voz amada
Uma criança jogando lama ao meio dia
Embrenhada e perdida na alma
Com rimas colorindo pálpebras de nostalgia
Doce beijo
Ouvi o vento e a música
Procurando um porto na madrugada
Ouvi a chegada de um navio
Julguei sentir uma voz amada
Uma criança jogando lama ao meio dia
Embrenhada e perdida na alma
Com rimas colorindo pálpebras de nostalgia
Doce beijo
Na elegante e fina escrita da tua pena
Às vezes é preciso acordar o silêncio da memória
Ou esperar pelo adormecimento inadiável
Com o gesto sereno e demorado da ternura
Com o acordar do amor rompendo o improvável
Um radioso fim de semana
Doce beijo
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