O Ano está Velho.
Viu muito, muito amou, muito aprendeu, esqueceu o que havia de ser esquecido, sofreu e chorou.
E riu, riu de puro contentamento.
E riu pelas ruas e pelas praças das canções e dos amigos.
E abraçou os poetas e os sonhadores e os puros e os que foram chegando às suas casas de todos os lugares.
E deu palavras muitas e vozes cantantes e histórias que inventou porque as viveu.
Gritou também quando foi urgente gritar que sempre a indignidade rejeitou e escorraçou da sua porta e das portas dos deserdados.
O Ano é velho e não é santo.
Também soube zurzir e desprezar e apagar se foi preciso.
Aos ingratos, aos tolos, aos medíocres, aos falsos, disse
Não, definitivamente.
O Ano é Velho e gosta do seu nome.
Será novo outra vez.
A caminho de ser velho, de mais saber, de mais fazer, de mais amar.
Na roda da vida, eu sou o novo e o velho de todos os meus anos.
Licínia Quitério.
Imagem n.1 de Celso Dias em Cascavel-PR.