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24 novembro 2013

Retrovisor


Retrovisor é passado
É de vez em quando do meu lado
Nunca é na frente
É o segundo mais tarde, próximo, seguinte
É o que passou e muitas vezes ninguém viu
Retrovisor nos mostra o que ficou; o que partiu
O que agora só ficou no pensamento
Retrovisor é mesmice em dia de trânsito lento
Retrovisor mostra meus olhos com lembranças mal resolvidas
Mostra as ruas que escolhi, calçadas e avenidas
Deixa explícito que se vou pra frente
Coisas ficam para trás
A gente só nunca sabe que coisas são essas...

Fernando Anitelli 
(O Teatro Mágico)

Florianópolis no natal passado...

17 novembro 2013

O segredo



(...)
O segredo
é ainda segredo
não é uma proposição:
está em encontrar
o que liga o homem
à música, aos
ouvintes, ao nevoeiro
no topo do eucalipto,
ao pó descoberto no bocal
e, depois, em viver um instante
nessa luminosa intercepção,
difundida no centro
como uma aranha branca de jardim
tão tranquila
que a julgas
ter-se tornado a sua própria teia,
um deus existindo
apenas na sua criação.

thom gunn




11 novembro 2013

Triste encanto das tardes borralheiras...



Triste encanto das tardes borralheiras
Que enchem de cinza o coração da gente!
A tarde lembra um passarinho doente
A pipilar os pingos das goteiras...

A tarde pobre fica, horas inteiras,
A espiar pelas vidraças, tristemente,
O crepitar das brasas na lareira...
Meu Deus... o frio que a pobrezinha sente!

Por que é que esses Arcanjos neurastênicos
Só usam névoa em seus efeitos cênicos?
Nenhum azul para te distraíres...

Ah, se eu pudesse, tardezinha pobre,
Eu pintava trezentos arco-íris
Nesse tristonho céu que nos encobre!


Mário Quintana



01 novembro 2013

Não quero ferir a sedução das palavras...


Não quero ferir a sedução das palavras,
Nem arruinar os vestígios dos ecos
Que se soltam ao vento,
Traçando uma linha infinita,
Como um caminho até à foz.
Não quisera eu fugir,
À natureza que emanava de mim,
Incendiando os momentos 
Trazendo sempre o verbo amar nos dedos,
Para se transfigurar nos poemas.
Esse é o caminho do poeta,
O meu… e de todos os que seguirem estes passos
Degrau a degrau… como se o céu me chamasse 
Num voo que um dia sonhei,
Transfigurando o meu eu
Entre as sementes dos meus livros.

Luis Ferreira


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Quem sou eu

Minha foto
Gaúcha, nos pampas nascida Um grande sonho acalentei Morar numa ilha encantada Cheia de bruxas e fadas. Nessa terra cheia de graça Onde se juntam todas as raças, Minha ilha lança ao poente O azul espelhado da lagoa, O verde silêncio das montanhas, O rumorejar de um mar azul Que beija apaixonado a areia da Minha ilha de renda poética. Não importa se há sol ou chuva, A mágica ilha é sempre azul, Fica gravada na alma e Quem aqui vem sempre vai voltar, Para descobrir novos caminhos, Novos destinos, pois Esta magia nunca irá acabar.
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