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29 setembro 2008
De amor nada mais resta que um Outubro
e quanto mais amada mais desisto:
quanto mais tu me despes mais me cubro
e quanto mais me escondo mais me avisto.
E sei que mais te enleio e te deslumbro
porque se mais me ofusco mais existo.
Por dentro me ilumino, sol oculto,
por fora te ajoelho, corpo místico.
Não me acordes. Estou morta na quermesse
dos teus beijos. Etérea, a minha espécie
nem teus zelos amantes a demovem.
Mas quanto mais em nuvem me desfaço
mais de terra e de fogo é o abraço
com que na carne queres reter-me jovem.
Natalia Correia
O mundo diz-te alegre porque o riso
Desabrocha em tua boca, docemente
Como uma flor de luz! Meigo sorriso
Que na tua boca poisa alegremente!
Chama-te o mundo alegre. Ai, meu amor,
Só eu inda li bem nessa alegria!…
Também parece alegre a triste cor
Do sol, à tarde, ao despedir-se o dia!…
És triste; eu sei. Toda suavidade
Tão roxa, como é roxa uma saudade
É a tua alma, amor, cheia de mágoa.
Eu sei que és triste, sei. O meu olhar
Descobriu o segredo, que a cantar
Repousa nos teus olhos rasos d’água!
Florbela Espanca
28 setembro 2008
A luz mansa que emprestei de Quintana,
veio hoje me visitar
Tão calma, com mãos boas
Um afago
Um carinhar
E veio assim, essa luz mansa sobre mim
Como se eu fosse janela
Quarto
Sala
Varanda
Como se eu fosse Casa
A luz mansa vem de manhã
Quando tudo começa de novo
Quando os carros saem das garagens
Os comerciantes abrem as portas de ferro
Os pássaros estão escondidos, cantando
Então ela vem
E me ensina como é bom ser simples
Como sou simples de fato
Como só quero
Amanhecer devagar...
http://estripitizese.blogspot.com
23 setembro 2008
Perfume
Quando pela manhã se abrem as janelas
E entra a brisa da felicidade, isto é magia.
Quando se cheira uma rosa encantada
E se sente o perfume de um beijo ardente, isto é magia.
Quando os raios escaldantes do sol
Se transformam em fonte eterna, isto é magia.
Quando se mergulha nas gotas da chuva
E navegamos pela imensidão, isto é magia.
Quando se toca na cores quentes do por do sol
E descobrimos cânticos dourados, isto é magia.
Quando se vê no reflexo do brilho do luar
Os contornos íntimos da sua beleza,
Se sente o perfume ardente do teu beijo,
O calor penetrante da tua ternura,
A imensidão absorvente do teu carinho,
Isto é AMOR.
Jorge Viegas
21 setembro 2008
É preciso, pelo menos uma vez na vida,
ser o último a deixar a festa...
Dispensar os convidados antes de chegar a aurora.
Exorcizar os aposentos com galhinhos de arruda.
Desligar o som, fechar janelas e cortinas,
desenlaçar os reposteiros,
varrer da memória a algazarra das crianças
na calçada...
Dissipar o perfume das adolescentes.
Dispensar as frivolidades dos últimos abraços.
Recolocar no jarro aquela rosa
que esqueceram sobre a mesa.
E, finalmente, quando a noite
trouxer de volta o silêncio numeroso,
apagar definitivamente a luz...
Depois dormir...
Sonhar...
Despertar...
Viver... Viver...
Depois dormir...
E morrer... Como quem morre
definitivamente...
Para não incomodar
ninguém...
A. Estebanez
17 setembro 2008
O riso que ecoa no jardim das páginas mortas,
brancas, frias, imensas como rios parados,
é apenas um sopro de saudade
reencontrado na madrugada.
O pequeno infinito que assim passou,
Sem mapa, sem cor,
Apenas infinito, fez-se agora,
Momento deslizando lento,
Doendo, num pássaro cantando
nas páginas agora vivas
De um novo dia!
http://puzzleincompleto.blogspot.com/2008_05_01_archive.html
04 setembro 2008
Passarinhando (iou Quintaneando)
O tempo é escasso e as horas são vazias
há tanto o que fazer...e o tempo passa
O tempo é escasso e as horas são vazias
As areias da ampulheta escorrem aos olhos
O tudo se amontoa...e o tempo voa
nas horas vazias o nada me impregna
O tempo é escasso e as horas são vazias
Os ponteiros do relógio nunca param
Há tanto o que fazer...e o tempo passa
Sinto-me cheia, plena, abarrotada...do nada
O tempo é escasso...mas as horas...
as horas são tão vazias!
A vida urge, o mundo urge, o amor urge!
Tanto, tanto a fazer...e o tempo...passa...
E as horas são vazias...e o tempo é escasso...
e a areia escorre...e o nada se amontoa
e eu me sinto cheia...de tudo e de nada!
Mas a vida urge...
E o tempo voa...
E o nada, e o tudo, e as horas
Passam!
Eu...passarinho!
Moniquinha San
Publicado no Recanto das Letras em 05/07/2008
Código do texto: T1065327
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Quem sou eu
- Sonia Schmorantz
- Gaúcha, nos pampas nascida Um grande sonho acalentei Morar numa ilha encantada Cheia de bruxas e fadas. Nessa terra cheia de graça Onde se juntam todas as raças, Minha ilha lança ao poente O azul espelhado da lagoa, O verde silêncio das montanhas, O rumorejar de um mar azul Que beija apaixonado a areia da Minha ilha de renda poética. Não importa se há sol ou chuva, A mágica ilha é sempre azul, Fica gravada na alma e Quem aqui vem sempre vai voltar, Para descobrir novos caminhos, Novos destinos, pois Esta magia nunca irá acabar.
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