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12 janeiro 2009


Se todo o ser ao vento abandonamos
E sem medo nem dó nos destruímos,
Se morremos em tudo o que sentimos
E podemos cantar, é porque estamos
Nus em sangue, embalando a própria dor
Em frente às madrugadas do amor.
Quando a manhã brilhar refloriremos
E a alma possuirá esse esplendor
Prometido nas formas que perdemos.

Aqui, deposta enfim a minha imagem,
Tudo o que é jogo e tudo o que é passagem.
No interior das coisas canto nua.

Aqui livre sou eu — eco da lua
E dos jardins, os gestos recebidos
E o tumulto dos gestos pressentidos
Aqui sou eu em tudo quanto amei.

Não pelo meu ser que só atravessei,
Não pelo meu rumor que só perdi,
Não pelos incertos atos que vivi,
Mas por tudo de quanto ressoei
E em cujo amor de amor me eternizei.

Sophia de Mello Breyner Andresen

7 comentários:

JOCENDIR CAMARGO disse...

A sensibilidade da autora só perde para a sua sensibilidade ao nos ofertar tão lindo poema...
És eco da lua, és tudo que se sonha, alma inebriante a provocar arrepios de ternura...
Parabéns por um espaço tão rico e belo...
Um beijo com meu carinho...

João Videira Santos disse...

Sophia...conheci bem.

Uma poetisa onde a piguice não entra no comum da palavra...

Excelente post.

Parabéns!

Luiz Caio disse...

Oi Sonia! Como vai?
Muito lindo o poema de Sophia!
Muito linda a poesia que há em ti, que permite-lhe brindarnos com tão belos versos!

TENHA UM LINDO DIA!
BEIJOS.

Eu disse...

Belíssima escolha!
As palavras da poetisa tocam o coração de forma doce!

Um abraço carinhoso e obrigada pelas palavras deixadas em meu blog

Daniel Costa disse...

Sonia

A profundidade deste poema é indiscutível, como a de todos os que sairam da pena de Sohpia de Mello Breyner Andersen.
Gostando do género, de poesia em si, sinto-me compensado da minha passagem.
Daniel

Anônimo disse...

Sophia,grande poeta.
Beijoo.
isa.

Unknown disse...

Lindo, lindo.
Obrigado pela sua visita.
Bj
Eduardo

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Gaúcha, nos pampas nascida Um grande sonho acalentei Morar numa ilha encantada Cheia de bruxas e fadas. Nessa terra cheia de graça Onde se juntam todas as raças, Minha ilha lança ao poente O azul espelhado da lagoa, O verde silêncio das montanhas, O rumorejar de um mar azul Que beija apaixonado a areia da Minha ilha de renda poética. Não importa se há sol ou chuva, A mágica ilha é sempre azul, Fica gravada na alma e Quem aqui vem sempre vai voltar, Para descobrir novos caminhos, Novos destinos, pois Esta magia nunca irá acabar.
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