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19 abril 2011

Fico Sozinho com o Universo Inteiro

 
Começa a haver meia-noite, e a haver sossego, 
Por toda a parte das coisas sobrepostas, 
Os andares vários da acumulação da vida... 
Calaram o piano no terceiro andar... 
Não oiço já passos no segundo andar... 
No rés-do-chão o rádio está em silêncio... 
Vai tudo dormir... 

Fico sozinho com o universo inteiro. 
Não quero ir à janela: 
Se eu olhar, que de estrelas! 
Que grandes silêncios maiores há no alto! 
Que céu anticitadino! — 
Antes, recluso, 
Num desejo de não ser recluso, 
Escuto ansiosamente os ruídos da rua... 
Um automóvel — demasiado rápido! — 
Os duplos passos em conversa falam-me... 
O som de um portão que se fecha brusco dóí-me... 
 Vai tudo dormir... 

Só eu velo, sonolentamente escutando. 

Esperando 
Qualquer coisa antes que durma... 
Qualquer coisa. 


Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa

Cachoeiras de Goiás por Daniela Ortega
Praia dos Ingleses
Imagem 1: Lua na Praia da Joaquina

11 comentários:

Lídia Borges disse...

O citadino por excelência, admirador do ruído, do movimento, das engrenagens complicadas.

Excelente escolha.

As imagens... Lindas!

Um beijo

Úrsula Avner disse...

Olá minha cara,

Como vai ? Passei para uma visita e para admirar mais uma vez as belas imagens postadas em seu blog. Só de ver o mar dá vontade de parar o tempo e ficar contemplando infintamente o que ele representa... Bj.

Graça Pereira disse...

Quem espera ...não aprecia muito o silêncio!
Belissimo poema de Fernando Pessoa que, toda a vida, esperou por alguma coisa.
Beijo e votos de uma santa Páscoa.
Graça

Dora Regina disse...

Páscoa…

É ser capaz de mudar,
É partilhar a vida na esperança,
É lutar para vencer toda sorte de sofrimento.
É ajudar mais gente a ser gente,
É viver em constante libertação,
É crer na vida que vence a morte.
É dizer sim ao amor e à vida,
É investir na fraternidade,
É lutar por um mundo melhor,
É vivenciar a solidariedade.
É renascimento, é recomeço,
É uma nova chance para melhorarmos
as coisas que não gostamos em nós,
Para sermos mais felizes por conhecermos
a nós mesmos mais um pouquinho.
É vermos que hoje…
somos melhores do que fomos ontem.
Desejo a você uma Feliz Páscoa, cheia de paz, amor e muita saúde!

Sotnas disse...

Olá Sônia, desejo que tudo esteja bem contigo!
Está se tornado comum, quem vive nos grandes centros acostumado aos sons comuns que flutuam diariamente em cada ouvido, quando chega a noite em que diminuem ou mesmo cessam estes sons, alguns sentem a responsabilidade de zelar pelo sono do universo, mas com certa saudade dos conhecidos sons do dia! Belo poema, como todos que posta por aqui neste teu cantinho, belas imagens e textos sempre, parabéns!
Desejo a você e todos ao redor, muitas felicidades, agradecido pelo carinho de suas visitas, abraços e até mais!

Anônimo disse...

Sônia,tem um mimo para si,no meu blog.
Ñ ficou como gosto pq tenho problemas na net pois mudei de servidor. Desculpe,sim?
Feliz Páscoa!
Beijo.
isa.

:.tossan® disse...

Fico sozinho com o universo inteiro
só para apreciar as tuas fotos e aquele poema que está no blog do amigo Eduardo. Beijo e muita saudade dos dois.

Unknown disse...

Uma bela escolha para esta quadra.

Este silêncio de espera é maravilhoso pela mensagem que nos apresenta.

O mestre Fernando Pessoa nas suas procuras, na vida e nos silêncios lhe trazem na noite.

mar salgado disse...

Campos através de Pessoa, ou Pessoa através de Campos, tão Universal.....
As fotos, como sempre, belíssimas!

Santa Páscoa!

Luciane Moraes disse...

Bom dia Sônia*
Amo Fernando Pessoa!

Amiga*Um bom feriado pra vc*
FELIZ PÁSCOA!

Abraços,
Lu

Daniela Dias Ortega disse...

Que poema belíssimo.

Amei você ter colocado minha foto :D

Mil beijos!

Quem sou eu

Minha foto
Gaúcha, nos pampas nascida Um grande sonho acalentei Morar numa ilha encantada Cheia de bruxas e fadas. Nessa terra cheia de graça Onde se juntam todas as raças, Minha ilha lança ao poente O azul espelhado da lagoa, O verde silêncio das montanhas, O rumorejar de um mar azul Que beija apaixonado a areia da Minha ilha de renda poética. Não importa se há sol ou chuva, A mágica ilha é sempre azul, Fica gravada na alma e Quem aqui vem sempre vai voltar, Para descobrir novos caminhos, Novos destinos, pois Esta magia nunca irá acabar.
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