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22 agosto 2009


Esta árvore entrou no meu corpo, com as suas raízes
de fogo;
devorou-me a alma, com os ramos acesos da
inspiração;
corroeu cada recanto do meu ser, com as
folhas brancas da sua ânsia; e em cada primavera deu
a flor mais inesperada, com a musica das suas pétalas,
e o brilho da imagem que se abre quando o olhar
procura o centro da corola.
É uma árvore que não seca, nem precisa de água;
que não perde folhas e flores, apesar de invernos e outonos;
que partilha o dia com a noite, quando procuro a sua sombra,
e é a sua luz que me enche.
Podia ser uma árvore de ar livre; mas
também cresce nos quartos mais obscuros, nas salas
onde se acumula o fumo e a respiração de quem vive,
nas caves onde a luz não entra.
Cortam-lhe em vão as raízes;
em vão tentam apagar o seu fogo:
nasce do ser o húmus que a alimenta; corre nas veias a seiva
que a percorre. Mas não cresce sozinha;
e é em ti que encontra a sua terra mais fértil, no frio do inverno,
o ar que a envolve, quando a tua ausência a asfixia,
a água que as suas flores bebem, na aridez do estio.
Tu, com os teus dedos de hera, os teus lábios de pólen,
e o doce musgo de palavras com que envolves o seu tronco.
Árvore partilhada, abrigando as aves do amor,
deixo que os seus ramos se estendam sobre nós,
com o seu canto de nuvem, e o seu eco de floresta.

Nuno Júdice

3 comentários:

Anônimo disse...

não posso dormir sem antes tomar uma dose de boa poesia!!!

bjosss...

EDUARDO POISL disse...

Mais uma linda poesia que você achou, e tua foto da Barra da Lagoa é maravilhosa mesmo.
Beijos te amo

Eliane disse...

Ola!!!
Olha eu aqui!!!Espairecendo na beleza que contém o seu blog, você sabe que adoro passar horas para admirar toda essa beleza! Aproveitando o ensejo,estou aqui também para desejar uma bela semana juntamente ao lado de todos que vc ama.
Beijos!!!

Quem sou eu

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Gaúcha, nos pampas nascida Um grande sonho acalentei Morar numa ilha encantada Cheia de bruxas e fadas. Nessa terra cheia de graça Onde se juntam todas as raças, Minha ilha lança ao poente O azul espelhado da lagoa, O verde silêncio das montanhas, O rumorejar de um mar azul Que beija apaixonado a areia da Minha ilha de renda poética. Não importa se há sol ou chuva, A mágica ilha é sempre azul, Fica gravada na alma e Quem aqui vem sempre vai voltar, Para descobrir novos caminhos, Novos destinos, pois Esta magia nunca irá acabar.
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