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30 setembro 2012

Eu sabia



Eu sabia que um dia ela viria,
Íntima de mim a cada instante,
Embora oculta em todas minhas mortes.
O silêncio outra vez presente.
Tentei falar mas não consegui.
Dos meus olhos tão perto,
Tão distante do coração 
Não sei onde ficas
Viajando por entre a solidão.
Não mais juntos: 
Mas em paralelo,
Tão substancialmente sós na apertada solidão,
Que nesse silêncio se escuta a respiração de Deus.
Na nossa rota não há dois astros
Apenas nós e a cósmica solidão
Do nosso próprio infinito...


Sônia Schmorantz




28 setembro 2012

Coragem



Coragem, às vezes,
é desapego.
É parar de se esticar, em vão,
para trazer a linha de volta.
É permitir que voe,
sem que nos leve junto.
É aceitar
que a esperança
há muito
se desprendeu do sonho.
É aceitar doer inteiro
até florir de novo.
É abençoar o amor,
aquele lá,
que a gente
não alcança mais.

Ana Jácomo



26 setembro 2012

Reparei



Reparei que o mundo era outro
E eu estava longe do mundo...
Reparei que tu não eras o mesmo
E eu ainda não tinha notado

Reparei que eu não dei pelo tempo
E pensava que as pessoas eram outras...
Reparei que tudo era novo
E que até o Amor era diferente.

Reparei que hoje já não é ontem
E que eu também tenho que mudar
Reparei mas fechei os olhos
Pois reparei que não queria reparar.

Lili Laranjo



24 setembro 2012

Natureza torta


As águas do rio correm claras,...


- tão limpinhas! -,

até o fundo se vê.
E eu,... à margem.


Quem dera o que me corrói

passasse correndo assim!...
Quem dera o rio que de mim escorre
jamais embaçasse a paisagem...


A água doce do rio

não me socorre da mágoa...
Só corre...
para o sal de outras águas;
outros mares...


Outras vagas...




ju rigoni (2009)



Costa da Lagoa

21 setembro 2012

Olhos




Dois pássaros voam,
de um leve azul inebriados.
De onde os vejo
Só há o espelho quieto de um lago.
E já não sei o que é mais visível
se o que enxergo, as aves,
com meus olhos,
ou se aquelas flautas moventes
sincronizadas,
que sonho
com os olhos quietos do lago.

Fernando Campanella


 Praia da Pinheira

12 setembro 2012

Miradoiro




Não sei se vês, como eu vejo,
Pacificado,
Cair a tarde
Serena
Sobre o vale,
Sobre o rio,
Sobre os montes
E sobre a quietação
Espraiada da cidade.
Nos teus olhos não há serenidade
Que o deixe entender.
Vibram na lassidão da claridade.
E o lírico poema que me acontecer
Virá toldado de melancolia,
Porque daqui a pouco toda a poesia
Vai anoitecer.

Miguel Torga




08 setembro 2012

Deixem-me dormir



Deixem-me dormir
deixem-me a paz do sonho
o deslumbramento
da luz que sopra ainda
nos meus olhos a criança
do brinquedo
em minhas mãos
o alento de ver sorrir a madrugada
que não volta
à paz do sono da criança

que ainda sou.

Vieira Calado


Imagens da Praia do Sambaqui

01 setembro 2012

Primavera-verão



Ah! Primavera,...
reclame com o astro-rei
o profícuo dos versos.
Pois nem toda a culpa
é do perfume tardio das flores
ou do mar.
Culpe, se quiser,
o equador celeste
ou o colorido das cangas,...
onde o dourado proclama
ser bem mais que um palpite.
E quem me conhece sabe,...
até calço palavras;
mas se cismo poesia,
já não tardo verão.

Rita Costa



Quem sou eu

Minha foto
Gaúcha, nos pampas nascida Um grande sonho acalentei Morar numa ilha encantada Cheia de bruxas e fadas. Nessa terra cheia de graça Onde se juntam todas as raças, Minha ilha lança ao poente O azul espelhado da lagoa, O verde silêncio das montanhas, O rumorejar de um mar azul Que beija apaixonado a areia da Minha ilha de renda poética. Não importa se há sol ou chuva, A mágica ilha é sempre azul, Fica gravada na alma e Quem aqui vem sempre vai voltar, Para descobrir novos caminhos, Novos destinos, pois Esta magia nunca irá acabar.
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