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29 agosto 2010

A DANÇA



Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascender da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,

Se não assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que a tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.

Pablo Neruda


27 agosto 2010

E a vida desliza...


E a vida desliza,
tão macia e lenta
tão cheia de luz,
tão cheia de graça
como as águas tranquilas
dum rio que caminha em direção ao mar...
Esse mar que o espera
para o abraçar.
E o vento que sopra
quando o dia amanhece
vem roubar meus sonhos
e os leva para longe,
percorrendo vales,
subindo montanhas
e então acontece
que eles se dispersam em mil asas brancas
que voam planando
e por fim mergulham
no meio do mar...
Esse mar que os espera
para os abraçar...


BABY
LAGOS, ALGARVE, PORTUGAL
http://mar-la-vento.blogspot.com/
Voltando aos poucos o colorido da próxima primavera!

26 agosto 2010

O céu tem todas as respostas

O céu tem todas as respostas. 
O céu azul, o nebuloso, o metafórico, 
o céu religioso e até mesmo o céu poético, romântico.
Todo artista, todo filósofo, todo poeta, todo pensador 
todos os loucos gostam de observar o céu.
Estou vendo agora o sol nascer laranja. 
Fico olhando para o céu azul manchado 
de púrpura e cereja. 
O dia vai abrindo a sua boca, 
calmamente, alegremente, 
como se o próprio Deus bocejasse. 
e eu fico aqui — meditando, ouvindo pássaros, 
pensando na Vida, 
tomando café...
Um bela hora pra colocar minhas idéias 
em desordem outra vez.

Edson Marques 


21 agosto 2010

SÓ UM POEMA


A minha herança são as estrelas
coloridas no meio do céu
os destinos vêem-se ali
caminhos traçados no azul,
sinais
alumiando as noites escuras de breu.
A minha herança são algumas vozes
lembrados sons no meio de algaravias,
memórias
tons de ouro e alegrias lembradas,
puríssimas fórmulas
herança guardada através dos dias.
Não posso deixar-te objetos
porque não creio nos objetos,
nem posso deixar-te livros
porque emprestei a todos
e não possuo casas ou planícies.
A minha herança são as estrelas
e tudo que vê nelas,
as vozes e o som do vento,
são símbolos do amor que te deixo.
Olha por elas,
deixo-te um poema
ama a tua vida, ama-te a ti...

Maria Henriques
http://mariarhenriques.bloguepessoal.com/ 


19 agosto 2010

NO CAMPO



Aproveita os nós desatados
o silêncio das águas perdidas
as fendas nas montanhas
aproveita as violetas entrecortadas
de desejo
os sinos soltos pela chuva
como sonhos desencantados
aproveita as caravelas invisíveis
assombrando as noites
os pios das corujas solitárias
aproveita os caminhos recém-abertos
por cogumelos escarlates
aproveita as rendas dos luares
de agosto
os rostos pontuando as sombras
aproveita os cavalos engravidando a terra
aproveita o peso escuro da terra
e tece teu poema

Roseana Murray



17 agosto 2010

Poesia com Graça Pires





Na concha mais débil se adivinha
uma história com ondas e marés,
quando a sombra de um mar
perturba a cor dos olhos
e povoa de barcos a respiração.
A voz, agrafada na revolta íntima
das fragas, estende uma paisagem
para o lado liberto da noite,
onde as luas se pressentem,
excessivas como as paixões. 


Graça Pires



De passagem,
como a véspera imprecisa
do poema,
principia em mim
a planície agreste
da solidão dos outros.
E a não ser
o silêncio poente
dos meus olhos,
tudo o resto me diz
que sou um pássaro
a voar, inconsequentemente,
no sentido das palavras.

Graça Pires



15 agosto 2010

Pôr do Sol




Pelo vão da janela escancarada
Tenho os olhos pousados no horizonte,
até que atrás da terra o luar desponte
na noite só de estrelas pontilhada...

Lá embaixo - como a fita de uma estrada
sob a arcada mourisca de uma ponte
as águas cristalinas de uma fonte
são o espelho da tarde iluminada...

Há chilreios na sombra do arvoredo
e no ouvido das árvores passando
o vento diz baixinho algum segredo...

Multiplicam-se as sombras nas quebradas.
e as nuvens lembram na distância, um bando
de pétalas de luz, ensangüentadas !


( JG de Araujo Jorge extraído do livro
"Os Mais Belos Poemas Que O Amor Inspirou"
Vol. I - 1
aedição 1965 )



Quem sou eu

Minha foto
Gaúcha, nos pampas nascida Um grande sonho acalentei Morar numa ilha encantada Cheia de bruxas e fadas. Nessa terra cheia de graça Onde se juntam todas as raças, Minha ilha lança ao poente O azul espelhado da lagoa, O verde silêncio das montanhas, O rumorejar de um mar azul Que beija apaixonado a areia da Minha ilha de renda poética. Não importa se há sol ou chuva, A mágica ilha é sempre azul, Fica gravada na alma e Quem aqui vem sempre vai voltar, Para descobrir novos caminhos, Novos destinos, pois Esta magia nunca irá acabar.
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