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28 dezembro 2013

Feliz Ano Novo a todos os amigos!



Não há vida sem volta
e não há volta sem vida
no ciclo da natureza
neste ir e vir constante
No broto que se renova
na vida que segue adiante
em quem semeia bondade
em quem ajuda o irmão
colhendo felicidade
cumprindo a sua missão.
Todo dia é ano novo...portanto...feliz ano novo todo dia!



Autor desconhecido

Florianópolis por Ricardo Ribas

25 dezembro 2013


Todo dia é ano novo
Entre a lua e as estrelas
num sorriso de criança
no canto dos passarinhos
num olhar, numa esperança...
Todo dia é ano novo
na harmonia das cores
na natureza esquecida
na fresca aragem da brisa
na própria essência da vida.
Todo dia é ano novo
no regato cristalino
pequeno servo do mar
nas ondas lavando as praias
na clara luz do luar...



Autor desconhecido




16 dezembro 2013

Tu.do podia ser mais simples


Tudo podia ser mais simples.
Mas a infância fica tão longe
e os espelhos começaram
a gritar-me uma inocência
que deixou de ser minha
para sempre.
O que quero dizer
acompanha, devagar,
o movimento do sol.
E são cada vez mais lentos
os passos que me levam
na direção das nascentes.
Apesar da sede.


Graça Pires

Imagens de Elena Shumilova.

08 dezembro 2013

Feliz domingo...



Algumas vezes é imprescindível ficarmos um tempo a sós.
Lermos e relermos os mesmos capítulos até compreendermos
que histórias têm princípio, meio e fim.
E depois voltarmos aos mesmos campos de lavanda
onde outrora nutriu a doce seiva...
Pisarmos na terra sem mágoa ou dor.
Compreendermos que o solo não fenece,
e que os perfumes de outrora
ainda se encontram embebidos na relva
aguardando novas chuvas.

Arnalda Rabelo





Pertenço àquela parcela da humanidade que passa 
a maior parte de suas horas úteis num mundo muito especial, 
um mundo feito de linhas horizontais, onde palavras seguem palavras, uma de cada vez ... 
um mundo talvez muito rico.

Ítalo Calvino.


03 dezembro 2013

Coaxar dos sapos



Coaxar dos sapos, quando a noite é calma,
sem jardins simbolistas, nem repuxos cantantes,
nem rosas místicas na sombra, 
nem dor em verso...
Coaxar dos sapos, longamente,
quando o céu palpita na moldura da janela,
num mistério doce, 
num mistério infinito,
e em cada estrela há um lábio, 
umlábio puro que treme,
e um segredo na luz 
que palpita, palpita...

Augusto Meyer, 
em “Coração verde”, Porto Alegre: Globo, 1926.


24 novembro 2013

Retrovisor


Retrovisor é passado
É de vez em quando do meu lado
Nunca é na frente
É o segundo mais tarde, próximo, seguinte
É o que passou e muitas vezes ninguém viu
Retrovisor nos mostra o que ficou; o que partiu
O que agora só ficou no pensamento
Retrovisor é mesmice em dia de trânsito lento
Retrovisor mostra meus olhos com lembranças mal resolvidas
Mostra as ruas que escolhi, calçadas e avenidas
Deixa explícito que se vou pra frente
Coisas ficam para trás
A gente só nunca sabe que coisas são essas...

Fernando Anitelli 
(O Teatro Mágico)

Florianópolis no natal passado...

17 novembro 2013

O segredo



(...)
O segredo
é ainda segredo
não é uma proposição:
está em encontrar
o que liga o homem
à música, aos
ouvintes, ao nevoeiro
no topo do eucalipto,
ao pó descoberto no bocal
e, depois, em viver um instante
nessa luminosa intercepção,
difundida no centro
como uma aranha branca de jardim
tão tranquila
que a julgas
ter-se tornado a sua própria teia,
um deus existindo
apenas na sua criação.

thom gunn




11 novembro 2013

Triste encanto das tardes borralheiras...



Triste encanto das tardes borralheiras
Que enchem de cinza o coração da gente!
A tarde lembra um passarinho doente
A pipilar os pingos das goteiras...

A tarde pobre fica, horas inteiras,
A espiar pelas vidraças, tristemente,
O crepitar das brasas na lareira...
Meu Deus... o frio que a pobrezinha sente!

Por que é que esses Arcanjos neurastênicos
Só usam névoa em seus efeitos cênicos?
Nenhum azul para te distraíres...

Ah, se eu pudesse, tardezinha pobre,
Eu pintava trezentos arco-íris
Nesse tristonho céu que nos encobre!


Mário Quintana



01 novembro 2013

Não quero ferir a sedução das palavras...


Não quero ferir a sedução das palavras,
Nem arruinar os vestígios dos ecos
Que se soltam ao vento,
Traçando uma linha infinita,
Como um caminho até à foz.
Não quisera eu fugir,
À natureza que emanava de mim,
Incendiando os momentos 
Trazendo sempre o verbo amar nos dedos,
Para se transfigurar nos poemas.
Esse é o caminho do poeta,
O meu… e de todos os que seguirem estes passos
Degrau a degrau… como se o céu me chamasse 
Num voo que um dia sonhei,
Transfigurando o meu eu
Entre as sementes dos meus livros.

Luis Ferreira


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26 outubro 2013

Das coisas perecíveis...


As coisas que amamos
as pessoas que amamos
são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
no limite de nosso poder
de respirar a eternidade
Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
dar-lhes moldura de granito.
De outra maneira se tornam absoluta
numa outra (maior) realidade.
Começam a esmaecer quando nos cansamos,
e todos nos cansamos, por um outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.*
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária
rebaixamos o amor ao estado de utilidade.
Do sonho eterno fica esse gozo acre
na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.



Carlos Drummond de Andrade




20 outubro 2013

Homenagem à Vinicius de Moraes no seu centenário


Amo andar nessas tardes...
Sinto-me penetrando o sereno vazio de tudo
Como um raio de luz.
Cresço, projeto-me ao infinito, agitando
Para consolar as árvores angustiadas
E acalmar os pinheiros moribundos.
Desço aos vales como uma sombra de montanha
Buscando poesia nos rios parados.

Sou como o bom-pastor da natureza
Que recolhe a alma do seu rebanho
No agasalho da sua alma...E amo voltar
Quando tudo não é mais que uma saudade
Do momento suspenso que foi...

Amo voltar quando a noite palpita
Nas primeiras estrelas claras...
Amo vir com a aragem que começa a descer das montanhas
Trazendo cheiros agrestes de selva...
E pelos caminhos já percorridos, voltando com a noite
Amo sonhar...

Vinícius de Moraes


15 outubro 2013

Poente no meu jardim...


Poente no meu jardim... O olhar profundo
Alongo sobre as árvores vazias,
Essas em cujo espírito infecundo
Soluçam silenciosas agonias.

Assim estéreis, mansas e sombrias,
Sugerem à emoção em que as circundo
Todas as dolorosas utopias
De todos os filósofos do mundo.

Sugerem... Seus destinos são vizinhos:
Ambas, não dando frutos, abrem ninhos
Ao viandante exânime que as olhe.

Ninhos, onde vencida de fadiga,
A alma ingênua dos pássaros se abriga
E a tristeza dos homens se recolhe...

Raul de Leoni







07 outubro 2013

Nuvem errante...




Nuvem errante, peregrino vaso
que flutuas no espaço eternamente,
ora dourado pelo sol no ocaso,
ora fendido pelo sol nascente.

Essas formas fantásticas que assumes,
batida pela luz e pelos ventos,
nuvem feita de orvalho e de perfumes,
são imagem dos nossos pensamentos.

Amor ou ilusão que vais levando,
no seio onde germinam primaveras,
detém-te nuvem, deixa-me, sonhando,
nutrir-me na visão destas quimeras.

Augusto de Lima


29 setembro 2013

Hoje!



Hoje!
Serei apenas versos,
abandonarei o chão
para voar junto do meu espírito...
E sonharei sonhos 
que você também sonha,
caminharei por lugares 
que você também deseja
pra nos encontrarmos aqui
diante do milagre 
chamado poesia.


Sirlei L. Passolongo



21 setembro 2013

Quero escrever...


Quero escrever sem pensar.
Que um verso consolador
Venha vindo impressentido
Como o princípio do amor.

Quero escrever sem saber,
Sem saber o que dizer,
Quero escrever urna coisa
Que não se possa entender,

Mas que tenha um ar de graça,
De pureza, de inocência,
De doçura na desgraça,
De descanso na inconsciência.

Sinto que a arte já me cansa
E só me resta a esperança
De me esquecer do que sou
E tornar a ser criança.

Dante Milano


16 setembro 2013

O silêncio


O silêncio é uma caixa
imensa onde cabem
e ressoam
todas as palavras
e há que pescá-las com cuidado.
Existem as redondas
e macias,
palavras vaga-lumes,
que iluminam a boca
de amor e doçura,
e outras com espinhos,
essa é melhor deixar
no fundo da caixa do mundo.
Dentro do silêncio
as palavras iluminadas
nadam
como peixes dourados.


Roseana Murray



07 setembro 2013

Despedida



Entre o reflexo de um ocaso 
Que o tempo olvida, 
Acontece sem abraço 
Uma despedida... 
E a vida prossegue 
Com a cor do momento, 
Porque o tempo não ama, 
Não chora e não sente... 
E invoco memórias 
Entardecidas de saudade, 
Histórias de vida 
Que são só minhas... 
E no espectro solar
Que depura um ocaso, 
Componho um abraço
De despedida!

Ana Martins



30 agosto 2013

Lua



Lua, farol que voa.
Estância
onde se aninham
e dormem os luzeiros.
Coalho de leite, alvorada
dos anjos
tecendo a madrugada.
Branca cravina
de noites solitárias;
bússola do viajante,
rio de leite
que desce
ao monte para abeberar o gado.
Lágrima de prata
que Deus derramou um dia
quando sonhava.

Luis Alberto Calderón


22 agosto 2013

Às vezes...


Às vezes, quando um pássaro chama
ou entre os ramos algum vento sopra
ou nalgum pátio longe ladra um cão,
por longo tempo eu escuto e me calo.

Minha alma voa para o passado,
para onde, há mil esquecidos anos,
o pássaro e o vento que soprava
mais pareciam meus irmãos e eu.

Minha alma faz-se uma árvore,
um animal, um tecido de nuvens...
Transfigurada e estranha, volta a mim
e me interroga. Que resposta lhe darei?

Hermann Hesse


Quem sou eu

Minha foto
Gaúcha, nos pampas nascida Um grande sonho acalentei Morar numa ilha encantada Cheia de bruxas e fadas. Nessa terra cheia de graça Onde se juntam todas as raças, Minha ilha lança ao poente O azul espelhado da lagoa, O verde silêncio das montanhas, O rumorejar de um mar azul Que beija apaixonado a areia da Minha ilha de renda poética. Não importa se há sol ou chuva, A mágica ilha é sempre azul, Fica gravada na alma e Quem aqui vem sempre vai voltar, Para descobrir novos caminhos, Novos destinos, pois Esta magia nunca irá acabar.
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