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31 julho 2009
As Poucas Palavras
Foi um dia, e outro dia, e outro ainda.
Só isso: o céu azul, a sombra lisa,
o livro aberto.
E algumas palavras.
Poucas, ditas como por acaso.
Eram contudo, palavras de amor.
Não propriamente ditas, antes adivinhadas.
Ou só pressentidas.
Como folhas verdes de passagem.
Um verde, digamos, brilhante,
de laranjeiras.
Foi como se de repente chovesse:
as folhas, quero dizer, as palavras brilharam.
Não que fossem ditas,
mas eram de amor, embora só adivinhadas.
Por isso brilhavam.
Como folhas molhadas.
Eugênio de Andrade
30 julho 2009
Não adormeças: o vento ainda assobia no meu quarto
Não adormeças: o vento ainda assobia no meu quarto
e a luz é fraca e treme e eu tenho medo
das sombras que desfilam pelas paredes como fantasmas
da casa e de tudo aquilo com que sonhes.
Não adormeças já. Diz-me outra vez do rio que palpitava
no coração da aldeia onde nasceste, da roupa que vinha
a cheirar a sonho e a musgo e ao trevo que nunca foi
de quatro folhas; e das ervas úmidas e chás
com que em casa se cozinham perfumes que ainda hoje
te mordem os gestos e as palavras.
O meu corpo gela à míngua dos teus dedos, o sol vai
demorar-se a regressar. Há tempo para uma história
que eu não saiba e eu juro que, se não adormeceres,
serei tão leve que não hei de pesar-te nunca na memória,
como na minha pesará para sempre a pedra do teu sono
se agora apenas me olhares de longe e adormeceres.
Maria do Rosário Pedreira
de A Casa e o Cheiro dos Livros
29 julho 2009
Não vou desistir
Eu não vou
desistir do amor
nem da paz
nem das rosas
nem dos sonhos
nem de ti
e nem Deus
vai desistir
de mim...
Mesmo assim
haverá
mais espinhos
de plantão
do que flores
no jardim...
Pois o resto
é a razão
de ser assim...
Afonso Estebanez
http://afonsoestebanez.blogspot.com/
Imagem 1: Gaspar de Jesus (http://gaspardejesus.blogspot.com/)
Imagem 2: Lagoa da Conceição por Eduardo Poisl
28 julho 2009
As coisas mornas
Sempre desprezei as coisas mornas,
as coisas que não provocam ódio nem paixão,
as coisas definidas como mais ou menos,
um filme mais ou menos, um livro mais ou menos.
Tudo perda de tempo.
Viver tem que ser perturbador,
é preciso que nossos anjos e demônios sejam despertados,
e com eles sua raiva, seu orgulho,
seu asco, sua adoração ou seu desprezo.
O que não faz você mover um músculo,
o que não faz você estremecer, suar, desatinar,
não merece fazer parte da sua biografia.
Martha Medeiros, in O Divã
Imagem 1: Entardecer na Lagoa da Conceição
Imagem 2: Ingleses, unindo mar, dunas e montanhas, divina natureza!
27 julho 2009
Nem sempre
Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
de que quando uma nuvem passa,
ou quando entra a noite e as
flores são cor da sombra.
Mas quem olha bem, vê que
são as mesmas flores.
Fernando Pessoa
Imagem 1: Gaspar de Jesus (http://gaspardejesus.blogspot.com/)
Imagem 2: Praia das Gaivotas nos Ingleses
Bolas de sabão
As bolas de sabão que esta criança
Se entretém a largar de uma palhinha
São translucidamente uma filosofia toda.
Claras, inúteis e passageiras como a natureza,
Amigas dos olhos como as coisas,
São aquilo que são
Com uma precisão redondinha e aérea,
E ninguém, nem mesmo a criança que as deixa,
Pretende que elas sejam mais do que parecem ser.
Algumas mal se vêem no ar lúcido.
São como a brisa que passa e mal toca nas flores
E que só sabemos que passa
Porque qualquer coisa se aligeira em nós
E aceita tudo mais nitidamente.
Alberto Caeiro
Imagem 1:flick fotos
Barra da Lagoa
26 julho 2009
Água nascendo
Fiz castelos de areia
sonhos de vento
abri cavernas no mar
construí segredos
teci com teias de luz
as mais delicadas
roupagens
inventei carruagens
adornadas de estrelas
para o dia
em que te encontrasse
e quando te vi
o amor era simples
o amor não pedia
nada mais
do que o milagre
da água nascendo.
Roseana Murray
In Fruta do Ponto
25 julho 2009
Sexta Hora
Naquela tarde
meu pensamento vacilava pela sala
querendo um lugar no sofá
mas os papéis brancos resmungavam
lembranças...
O tempo que corria lá fora
resolveu parar nos instantes
eternizados nos portas-retratos
que insistiam em dizer-se
saudade...
Lá fora já era noite
quando o último papel
ainda branco
me acenava
no dorso do vento
pela calçada.
Sandra Falcone
2009 © Portugal em Linha - a Comunidade Lusófona online
24 julho 2009
Éramos nós
E então, éramos nós
um corpo e outro,
entregues, envoltos
na noite, faróis
Éramos nós
E então, duas peles
de cores irmãs,
trocavam sabores,
rompiam manhãs
Éramos nós
E então, éramos nós
do tempo esquecidos
de carne ,tecidos,
ardendo, a sós
Éramos nós
E então, artistas que somos,
brincamos de cores, com nossos lençóis
Os pincéis que usamos?
Trouxemos guardados, bem dentro de nós
Éramos nós
E mais nada havia,
na casa vazia,
tão cheia de nós
E o tempo de ir,
se aproximava
e a saudade chegava
precisa, veloz
Éramos nós...
Ana Maria Vergne de Morais, Bahia, Brasil
Imagem 1: http://patbrunet.com/tag/sunset/
Imagem 2: Ingleses
23 julho 2009
As casas
As casas habitadas são belas
se parecem ainda uma casa vazia
sem a pretensão de ocupá-las
tornam-se tênues disposições
os sinais da nossa presença:
um livro
a roupa que chegou da lavanderia
por arrumar em cima da cama
o modo como toda a tarde a luz foi
entregue ao seu silêncio
Em certos dias, nem sabemos porquê
sentimo-nos estranhamente perto
daquelas coisas que buscamos muito
e continuam, no entanto, perdidas
dentro da nossa casa
José Tolentino Mendonça
22 julho 2009
Nuvens
Encantei-me com as nuvens, como se fossem calmas
locuções de um pensamento aberto. No vazio de tudo
eram frontes do universo deslumbrantes.
Em silêncio via-as deslizar num gozo obscuro
e luminoso, tão suave na visão que se dilata.
Que clamor, que clamores mas em silêncio
na brancura unânime! Um sopro do desejo
que repousa no seio do movimento, que modela
as formas amorosas, os cavalos, os barcos
com as cabeças e as proas na luz que é toda sonho.
Unificado olho as nuvens no seu suave dinamismo.
Sou mais que um corpo, sou um corpo que se eleva
ao espaço inteiro, à luz ilimitada.
No gozo de ver num sono transparente
navego em centro aberto, o olhar e o sonho.
António Ramos Rosa
Imagens: Sônia Schmorantz
21 julho 2009
Passemos, tu e eu, devagarinho
Passemos, tu e eu, devagarinho,
Sem ruído, sem quase movimento,
Tão mansos que a poeira do caminho
A pisemos sem dor e sem tormento.
Que os nossos corações, num torvelinho
De folhas arrastadas pelo vento,
Saibam beber o precioso vinho,
A rara embriaguez deste momento.
E se a tarde vier, deixá-la vir...
E se a noite quiser, pode cobrir
Triunfalmente o céu de nuvens calmas...
De costas para o Sol, então veremos
Fundir-se as duas sombras que tivemos
Numa só sombra, como as nossas almas.
Reinaldo Ferreira
20 julho 2009
Quando chegar...
Quando chegar aos 30
serei uma mulher de verdade
nem Amélia num ninguém
um belo futuro pela frente
e um pouco mais de calma talvez
e quando chegar aos 50
serei livre, linda e forte
terei gente boa ao lado
saberei um pouco mais do amor
e da vida quem sabe
e quando chegar aos 90
já sem força, sem futuro, sem idade
vou fazer uma festa de prazer
convidar todos que amei
registrar tudo que sei
e morrer de saudade...
Martha Medeiros
19 julho 2009
Dia do Amigo
Assim como os pequenos barcos podem atravessar os mares azuis, também meus amigos podem chegar na brisa dessa magia virtual. Amigos que trazem sua poesia, sua alegria, sua amizade, colorindo a alma com sua energia e carinho.
Na canção de Miltom Nascimento, Amigo é coisa para se guardar no lado esquerdo do peito, mesmo que o tempo e a distância digam não, mesmo esquecendo a canção, pois o que importa é ouvir a voz do coração... A todos os amigos o meu abraço nesse dia especial!
Enquanto houver amizade...
Pode ser que um dia deixemos de nos falar.
Mas, enquanto houver amizade, faremos as pazes de novo.
Pode ser que um dia o tempo passe.
Mas, se a amizade permanecer, um do outro há de se lembrar.
Pode ser que um dia nos afastemos.
Mas, se formos amigos de verdade, a amizade nos reaproximará.
Pode ser que um dia tudo acabe.
Mas, com a amizade
construiremos tudo novamente,
cada vez de forma diferente,
sendo único e inesquecível cada momento
que juntos viveremos e nos lembraremos pra sempre.
Há duas formas para viver sua vida:
Uma é acreditar que não existe milagre,
a outra é acreditar que todas as coisas
são um milagre, até a amizade.
Albert Einstein
18 julho 2009
Quando as gaivotas cantam
Quando as gaivotas cantam
o dorso, a um céu aberto
tu perguntas: acendem-se ofertas?
abrigo os braços
num grito insondável
no azul
no teu sexo
quando as gaivotas cantam
é como se nada mais houvesse.
Maria Gomes
http://romadevidro.blogspot.com/
Imagem 1: http://flickr.com/photos/1garysan/2217301938/
Imagem 2: Praia da Joaquina, Eduardo Poisl
Pássaros do paraiso
Estes são os pássaros do paraiso
aqueles que voam alto certas vezes
e outras são rastejados
mensageiros do céu
Saem, são trazidos mais perto
escapam-se, vêm próximo
mas nunca param as suas asas
onde ficarão amanhã?
Estes pássaros são as palavras
ditas, escritas e faladas
desde uma boca a um papel
nunca pararão as suas asas
Pablo Sarcaine
17 julho 2009
Fim de tarde
Neste crepúsculo de tarde
Sou alma delicada, memória que viaja.
Passos traçados... a traçar...
Degraus silenciosos, pretensiosos,
Querendo o céu ainda azul abraçar...
Respiro a tarde, a vida,
Escuto o murmúrio do mar,
A infinita água onde o sol vem se esconder.
Gaivotas percorrem ilhas, tudo é magia,
Calmaria e volúpia...
Rumor do vento, orla do mar,
Viaja pensamento, secreto solar,
Beija a espuma, adormece nas dunas...
Sente minha alma,
O silêncio que plana,
A brisa que embala,
O azul que desmaia,
O sol que se esconde,
A noite que chega.
E dorme também ...
Sônia schmorantz
Imagens de Eduardo Poisl
16 julho 2009
Eu quero ouvir o coração falar
Eu quero ouvir o coração falar
e não os homens a falar por ele!
Enquanto a gente fala, há de parar
no peito a vida estranha que o impele.
Independente à forma de o expressar,
o sentimento existe, e ai daquele
coração triste que se julgue dar
na cerração em que a palavra o vele.
Astro no peito, é sobre a língua chaga.
Dizer uma alegria ou um tormento
é um mar em que sempre se naufraga.
Era a essência de Deus vista e atingida!
Se é a força da vida o sentimento,
fez-se palavra para mentir a vida.
Fausto Guedes Teixeira
Imagem: Louise Barr
Imagem 2: Praia dos Ingleses por farelo-do-guido.blogspot.com
15 julho 2009
Flor de Lótus
No dia em que a flor de lótus desabrochou
A minha mente vagava, e eu não a percebi.
Minha cesta estava vazia
e a flor ficou esquecida.
Somente agora e novamente,
uma tristeza caiu sobre mim.
Acordei do meu sonho sentindo o doce rastro
De um perfume no vento sul.
Essa vaga doçura fez o meu coração doer de saudade.
Pareceu-me ser o sopro ardente no verão,
procurando completar-se.
Eu não sabia então que
a flor estava tão perto de mim
Que ela era minha,
e que essa perfeita doçura
Tinha desabrochado
no fundo do meu coração.
Rabindranath Tagore
Imagem 1: Flick
Imagem 2: Tijucas por Tom Schmorantz
14 julho 2009
Chegar e ficar
Chegar,
Como brisa que atravessa a janela.
Soprando de leve,
As brumas do passado.
Chegar,
Como o barco.
Trazendo alegrias,
Após enfrentar as procelas sombrias.
Chegar,
Como a saudade.
Que bate,
De manso, no coração.
Chegar,
Como Chuva, fininha,
Mansinha, criadeira,
Necessária e tão querida.
Ficar,
Nas lembranças do passado,
Nas estampas do presente,
A retratar nosso ontem no hoje.
Ficar,
Para sempre.
Na imagem nunca esquecida,
Dos que nos são tão queridos.
A vida,
É chegar e ficar,
Para sempre.
Vida nunca será partida.
Cecília Meireles
13 julho 2009
Ainda Ontem (Hier encore)
Ontem ainda
Eu tinha vinte anos
Acariciava o tempo
E brincava de viver
Como se brinca de namorar
E vivia a noite
Sem considerar meus dias
Que escorriam no tempo
Fiz tantos projetos
Que ficaram no ar
Alimentei tantas esperanças
Que bateram asas
Que permaneço perdido
Sem saber aonde ir
Os olhos procurando o Céu
Mas, o coração posto na Terra
Ontem ainda
Eu tinha vinte anos
Desperdiçava o tempo
Acreditando que o fazia parar
E para retê-lo, e até ultrapassá-lo
Só fiz correr e me esfalfar
Ignorando o passado
Que conduz ao futuro
Precedia da palavra "eu"
Qualquer conversação
E opinava que eu queria o melhor
Por criticar o mundo com desenvoltura
Ontem ainda
Eu tinha vinte anos
Mas perdi meu tempo
A cometer loucuras
O que não me deixa, no fundo
Nada e realmente concreto
Além de algumas rugas na fronte
E o medo do tédio
Porque meus amores
Morreram antes de existir
Meus amigos partiram
E não mais retornarão
Por minha culpa
Criei o vazio em torno a mim
E gastei minha vida
E meus anos de juventude
Do melhor e do pior
Descartando o melhor
Imobilizei meus sorrisos
E congelei meus choros
Onde estão agora
Meus vinte anos?
Charles Aznavour
Veja também o vídeo em http://leonorlourenco.blogspot.com/
12 julho 2009
Quero apenas cinco coisas...
Quero apenas cinco coisas...
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.
Abro mão da primavera
para que continues me olhando.
Pablo Neruda
Imagem 1: Internet, freefoto
Imagem 2: Eduardo Poisl
11 julho 2009
Viagem da Canção
Guarde segredo, de mim e dela
não fale de um dia na janela
por que não irei mais ve la.
Terminou a nossa aventura
em nossas vidas, só noite escura
não fale nada, minha estrela.
Não corte o meu pensamento
não deixe ir com o vento
o que estou agora a pensar.
Sonhando aqui calado
estou viajando ao passado
deixe me um pouco sonhar.
Não deixe que essa ventania
leve embora minha poesia
que estou agora a rimar.
Estrela, deixe que meu coração
viaje sozinho nessa canção
que estou aqui a lembrar.
Canção, que em seu nome falava
e eu nem sei se dormia e sonhava
quando a alma nesse paraíso voou.
Quero viver esse sonho transparente
quero cultivar essa semente
que para mim nunca secou.
Poema de Gil de Olive
Imagens: Eduardo Poisl e Tom Schmorantz
10 julho 2009
Vida e poesia
A lua projetava o seu perfil azul
Sobre os velhos arabescos das flores calmas
A pequena varanda era como o ninho futuro
E as ramadas escorriam gotas que não havia.
Na rua ignorada anjos brincavam de roda...
– Ninguém sabia, mas nós estávamos ali.
Só os perfumes teciam a renda da tristeza
Porque as corolas eram alegres como frutos
E uma inocente pintura brotava do desenho das cores
Eu me pus a sonhar o poema da hora.
E, talvez ao olhar meu rosto exasperado
Pela ânsia de te ter tão vagamente amiga
Talvez ao pressentir na carne misteriosa
A germinacão estranha do meu indizível apelo
Ouvi bruscamente a claridade do teu riso
Num gorjeio de gorgulhos de água enluarada.
E ele era tão belo, tão mais belo do que a noite
Tão mais doce que o mel dourado dos teus olhos
Que ao vê-lo trilar sobre os teus dentes como um címbalo
E se escorrer sobre os teus lábios como um suco
E marulhar entre os teus seios como uma onda
Eu chorei docemente na concha de minhas mãos vazias
De que me tivesses possuído antes do amor.
Vinicius de Morais
in Poesia completa e prosa: "A saudade do cotidiano"
Imagens: Sônia (minhas flores)
09 julho 2009
A arte de viver
Sou aprendiz, cujos pensamentos
tocam minha alma com sonhos incertos
e idéias e metas.
Tenho luz dentro
iluminando minha estrada
com o coração perdido
sei saber o que sentir.
Guardo segredos
obscuros medos
que atiro ao vento
fazendo de minha emoção
a mais bela canção.
Conceição Bentes
http://www.rauldeleoni.org/
Imagens de Tom Schmorantz
08 julho 2009
A esperança
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Quem sou eu
- Sonia Schmorantz
- Gaúcha, nos pampas nascida Um grande sonho acalentei Morar numa ilha encantada Cheia de bruxas e fadas. Nessa terra cheia de graça Onde se juntam todas as raças, Minha ilha lança ao poente O azul espelhado da lagoa, O verde silêncio das montanhas, O rumorejar de um mar azul Que beija apaixonado a areia da Minha ilha de renda poética. Não importa se há sol ou chuva, A mágica ilha é sempre azul, Fica gravada na alma e Quem aqui vem sempre vai voltar, Para descobrir novos caminhos, Novos destinos, pois Esta magia nunca irá acabar.
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